sábado, 28 de novembro de 2015

Primeiro Capítulo:


QUANDO TE DEI
LIBERDADE
PARA
COMEÇAR 


"O começo sempre é mais fácil de contar, se inicia à minha chegada na nova cidade, me pergunto o por que é tão difícil se acostumar com o novo? Tenho medo de ser a excluída da turma, da escola, da cidade. Meus pais, na maioria das vezes, me dizem que o medo só pode ser vencido com a fé em Deus.. Mal sabem que sua filha é ateia. 
Desde criança gostava de imaginar um mundo só meu, mas meus amigos do primário sempre acabavam entrando na minha brincadeira, ah bons tempos, sinto falta deles, sinto falta das panquecas de cenoura que a vovó fazia para nós, falta do Sr. Doritos (Era o gato da minha tia, ele amava doritos), não existe sequer um segundo em que não esteja pensando no quanto era bom morar naquele lugar pequenino do interior, perto de todos que eu amo, agora só consigo pensar quão triste será minha fase adolescência nesse novo mundo que meus pais me arrastaram. Enfim, sr.bloquinho de notas, acabamos de chegar em casa, gostaria até de dizer "adeus querido diário", mas a palavra diário te deixaria mais gay, então até a próxima." 
 -Lira se despediu de seu bloco de notas (diário) enquanto abria a porta do carro, ao botar seus pés no chão, sentiu como se estivesse deixando toda a sua vida para trás, mas não queria aceitar a mudança de forma alguma, tanto que seus olhos só se fixaram na nova casa, junto de sua expressão de ódio e remorso por seus pais. 


       -Eu odeio minha vida. - Murmurou Lira indo em direção ao porta-malas para ajudar seu pai.
       -O que disse filha? - Perguntou sua mãe carregando várias caixas para dentro de casa. 
       -Nada.. -Respondeu com um sorriso irônico enquanto pegava mais caixas junto de Robert, seu pai.

Depois de uma tarde chata e mega cansativa de organizar as caixas, móveis e arrumar toda a casa, Lira fechou a porta do seu quarto e caiu na cama, suspirou, apagou a luz e fechou seus olhos, se concentrou em momento alegres na antiga casa, e tentou relaxar o máximo possível para dormir, até que sentiu uma pelugem estranha passar por seus pés, mas continuou com os olhos fechados, estava muito cansada para se preocupar, mas essa tal "pelugem" começou a encostar em seu braço, mas então pensou: - Nós temos um cachorro..? 
.........

-NÃO, NÓS NÃO TEMOS UM CACHORRO!- Abriu seus olhos rapidamente para ter certeza de que não era um cachorro, ao ver aquela criatura escrota pra caralho, Lira pulou da cama e bateu a cabeça na parede.
-Mas que porra é essa?!- Se perguntava ao olhar bem nos olhos daquela coisa, ele tinha chifres maiores do que o normal, sua cabeça era do tamanho da de um leão, ou talvez maior, parecia um bode, mas sua parte traseira era uma calda de peixe. O animal se aproximou e o coração da jovem entrou em disparada, enquanto se afastava o máximo possível pro canto da parede, e a criatura só se aproxima mais até chegar bem perto de seu rosto e encarar seu olhar fixamente, parecia que ele conseguia enxergar por dentro de sua alma.
-O o que é você?- Lira literalmente perguntou isso, e como esperado ele NÃO respondeu, mas suspirou, fazendo-a sentir um vento gelado em seu rosto.

       -Lira, acorda para não se atrasar pro primeiro dia de aula!- Disse Amy, sua mãe, enquanto batia na porta. 

Acordou de um pulo, com seu cabelo bagunçado e procurando um relógio, faltavam CINCO MINUTOS para correr pro colégio antes que perdesse a primeira aula.
-Droga, droga, droga, droga, droga...- Repetia sem parar enquanto colocava sua calça, -Não acredito que aquilo foi um sonho - pensou enquanto corria para a cozinha para preparar seu café da manhã. O sonho parecia tão real, mas não tinha sentido algum, aquele animal era completamente estranho, só de pensar nele, arrepiava seus braços, ao mesmo tempo sentia um frio na barriga. 

       -Lira! Vamos logo, você vai se atrasar- Sua mãe gritava de dentro do carro enquanto a esperava.

 Quase caindo da escada, com uma torrada na boca, arrumando sua mochila e o casaco, Lira corria em direção ao carro.

       -Coloca o cinto, viu amor?- Amy aconselhava sua filha ao colocar enquanto colocava suas mãos no volante.
       -Aff mãe.- Lira murmurou ao arrumar seu cabelo, após botar o cinto de segurança.

A cidade não era tão ruim, olhando a vista pela janela do carro, haviam "corredores" de árvores, como estavam no outono, ficavam mais bonitas ainda, com suas folhas alaranjadas enfeitando a calçada, tinha muita harmonia nas ruas..

       -Você dormiu bem?- Perguntava Amy enquanto dirigia.
       -Tive um sonho esquisito..- Respondeu ao continuar observando a paisagem.
       -Eu não sou perita em significados de sonhos nem nada, mas aposto que tem haver com a mudança..- Sorriu e olhou para sua filha.
       -Mas você estava bastante cansada ontem, nos ajudou bastante com a mudança, sei que irá adorar a nova cidade e a nova vida, só precisa aceitar e..- Estacionou 0 carro em frente a escola de Lira, sendo interrompida pela filha
       -Eu não quero saber.- Lira bateu a porta do carro e caminhou até a escola, se sentindo de saco cheio. 

Talvez a hora de conversar sobre "mudanças" já tivesse passado, não iria mais adiantar, pelo menos agora que só sente ódio de tudo e de todos, seus pais só acumulam esse problema e o nomeiam como "Fase de adolescente", realmente esperam que isso passe, ao contrario de sua filha inconformada com toda a situação.

Esse é seu primeiro dia de aula, será que Lira fará novos amigos? 
ou novos inimigos..?